Viseu é uma cidade portuguesa, capital do Distrito de Viseu, na região Centro e sub-região Dão-Lafões, com 47.250 habitantes (68.000 no perímetro urbano).
É sede de um município com 507,10 km² de área, com 34 freguesias e 98.167 habitantes segundo os últimos dados do INE de 2006. O município é limitado a norte pelo município de Castro Daire, a nordeste por Vila Nova de Paiva, a leste por Sátão e Penalva do Castelo, a sueste por Mangualde e Nelas, a sul por Carregal do Sal, a sudoeste por Tondela, a oeste por Vouzela e a noroeste por São Pedro do Sul.
Para além de sede de distrito e de concelho, Viseu é igualmente sede de Diocese e de Comarca. Alberga inúmeros serviços estatais. Segundo um estudo da DECO de 2007, Viseu é a melhor cidade, entre as 76 do estudo, para se viver em Portugal.
Viseu, berço de D. Duarte, é eloquentemente um município no Coração de Portugal que se projecta num futuro promissor. Cidade na horizontal, de ar lavado, de múltiplos referenciais que fazem História, deitada no verde da Beira, é, cada vez mais, uma cidade viva. Bem mais acessível, de há uns anos a esta parte, tem potencialidades para ser cada vez menos "interior", cada vez mais próxima do desenvolvimento de um centro "litoral", devendo preservar-se a única assimetria regional que emana apenas e só da sua identidade e autenticidade.
Duas horas e meia a separam de Lisboa e Salamanca, hora e picos do Porto e pouco mais de meia hora da cidade irmã de Aveiro, o que facilita as incursões dos viseenses até à beira-mar. O incremento do "betão" tornou possível contactos mais fáceis, rápidos e cómodos, mas, confiadamente, as terras de Viriato são muito mais de gentes de acolhimento que de êxodo. Deste sobejam referenciais dignos no Brasil, em África e na Europa. As cores da paleta de Grão Vasco, quentes e calorosas, são o elemento apelativo para atrair e envolver os nossos vizinhos.
Nesta cidade, capital da vinha e do vinho, onde pontifica o Dão em alegre brinde aos visitantes, que encontrarão mais valorizados os "motivos" de antanho: o conjunto monumental encimado pela Sé, o Museu de Grão Vasco, a Rua Direita, o Rossio, a Cava, as igrejas, os parques verdes e os manjares tradicionais. Radicados neste passado que nos orgulha, novos "motivos" surgiram, protagonizados pelas entidades públicas e, mormente, pela mão da sociedade civil, extraordinariamente pujante e dinâmica.
Eles são a revitalização da actividade económica da Zona Histórica; os diversificados equipamentos de lazer de metabolismo turístico; o crescimento do ensino superior; o lançamento de novas malhas da rede viária; o pleno abastecimento público; os inúmeros cuidados da saúde ambiental do concelho; os cuidados de assistência médica, melhorados com o Hospital de São Teotónio; as infra-estruturas culturais e desportivas, como são exemplo o Viriato, Teatro Municipal, a Biblioteca Municipal D. Miguel da Silva, o Multiusos de Viseu, o Campo Viriato, a Ciclovia, o Campo de Futebol de 7, o Campo 1º de Maio e o Complexo de Piscinas num dos pulmões da Cidade, o Fontelo.
A estratégia de desenvolvimento de Viseu vem sendo definida com todas as forças vivas do Município e, como tal, sujeita a acertos e alterações, determinadas pelo pulsar de outras regiões do país e da própria evolução da política europeia. Viseu está, confiadamente, no bom caminho. Segue, com segurança, os trilhos do progresso e do crescimento harmonioso, baseado do espírito vivo e fraterno das suas gentes que a tornam uma terra onde dá gosto viver.
Freguesias
Símbolos e etimologia
Segundo a lenda da cidade, em pleno processo de Reconquista, um membro de um grupo de guerreiros chegado à cidade pelo lado oriental, onde se intersectam os rios Pavia e Dão, perguntou: «Que viso (vejo) eu?». Desta pergunta, nasceria o nome da cidade. No entanto, entre os anos 712 e 1057, intervalo da ocupação árabe, Viseu era conhecida por Castro Vesense — Vesi significada "visigodo".
Outra lenda, mais verossímil e referida no brasão da cidade, sugere que teria vivido na região um rei de nome D. Ramiro II (provavelmente Ramiro II de Leão) que, em viagem para outras terras, conheceu Sara, a irmã de Alboazar, rei do castelo de Gaia, por quem se apaixonou. Tal foi a paixão que se apoderou do rei, que este raptou Sara. Ao saber do sucedido, o irmão de Sara vingou-se raptando a esposa do rei, D. Urraca. Ferido no orgulho, D. Ramiro teria escolhido em Viseu alguns dos seus melhores guerreiros para o acompanharem, penetrando sorrateiramente no castelo, e deixando os guerreiros nas proximidades. Enquanto Alboazar caçava, D. Ramiro conseguiu entrar no castelo e encontrar D. Urraca que, sabendo da traição do marido, recusou-se a acompanhá-lo. Quando Alboazar regressou da caça, D. Urraca decide vingar-se do marido mostrando-o ao raptor. Ramiro, aprisionado e condenado à execução, pede para, como último desejo, morrer ao som da sua buzina, que era o sinal que tinha combinado com os soldados para entrarem no castelo. Ao final do sexto toque, os soldados cercam imediatamente o castelo, incendiando-o. Alboazar morreria às mãos dos soldados do rei Ramiro.
História
As origens de Viseu remontam à época castreja e, com a Romanização, ganhou grande importância, quiçá devido ao entroncamento de estradas romanas de cuja prova restam apenas os miliários (passíveis de validação pelas inscrições) que se encontram: dois em Reigoso (Oliveira de Frades), outros dois em Benfeitas (Oliveira de Frades), um em Vouzela, dois em Moselos (Campo), um na cidade (na Rua do Arco), outro em Alcafache (Mangualde) e mais dois em Abrunhosa (Mangualde); outros mais existem, mas devido à ausência de inscrições, a origem é duvidosa. Estes miliários alinham-se num eixo que parece corresponder à estrada de Mérida (Espanha), que se intersectaria com a ligação Olissipo-Cale-Bracara, outros dois pólos bastante influentes. Talvez por esse motivo se possa justificar a edificação da estrutura defensiva octogonal, de dois quilómetros de perímetro — a Cava de Viriato .
Viseu está associada à figura de Viriato, já que se pensa que este herói lusitano tenha talvez nascido nesta região. Depois da ocupação romana na península, seguiu-se a elevação da cidade a sede de diocese, já em domínio visigótico, no século VI. No século VIII, foi ocupada pelos muçulmanos, como a maioria das povoações ibéricas e, durante a Reconquista da península, foi alvo de ataques e contra-ataques alternados entre cristãos e muçulmanos. De destacar a morte de D. Afonso V de Galiza e Leão rei de Leão e Galiza no cerco a Viseu em 1027 morto por uma flecha oriunda da muralha árabe (cujos vestígios seguem a R. João Mendes, Largo de Santa Cristina e sobem pela R. Formosa). A reconquista definitiva caberia a Fernando Magno, rei de Leão e Castela depois de assassinar em 1O37 o legítimo Rei Bermudo III (filho de Afonso V) vencedor da batalha de Cesar em 1035 (segundo a crónica dos Godos).
Mesmo antes da formação do Condado Portucalense, Viseu foi várias vezes residência dos condes D. Teresa e D. Henrique que, em 1123 lhe concedem um foral. Seu filho D. Afonso Henriques nasceu em Viseu a 5 de Agosto de 1109. O segundo foral foi-lhe concedido pelo filho dos condes, D. Afonso Henriques, em 1187, e confirmado por D. Afonso II, em 1217.
Já no século XIV, durante a crise de 1383-1385, Viseu foi atacada, saqueada, e incendiada pelas tropas de Castela e D. João I mandou erigir um cerco muralhado defensivo — do qual resta pouco mais que a Porta dos Cavaleiros e a Porta do Soar, para além de escassos troços de muralha — que seriam concluído apenas no reinado de D. Afonso V — motivo pelo qual a estrutura é conhecida pelo nome de muralha afonsina — já com a cidade a crescer para além do perímetro da estrutura defensiva.
No século XV, Viseu é doada ao Infante D. Henrique, na sequência da concessão do título de Duque de Viseu, cuja estátua, construída em 1960, se encontra na rotunda que dá acesso à rua do mesmo nome. Seu irmão D. Duarte, (rei) nasceu em Viseu, 31 de Outubro de 1391.
No século XVI, em 1513, D. Manuel I renova o foral de Viseu, e assiste-se a uma expansão para actual zona central, o Rossio que, em pouco tempo, se tornaria o ponto de encontro da sociedade, e cuja primeira referência data de 1534. É neste século que vive Vasco Fernandes, um importante pintor português cuja obra se encontra espalhada por várias igrejas da região e no Museu Grão Vasco, perto da Sé.
No século XIX é construído o edifício da Câmara Municipal, no Rossio, transladando consigo o centro da cidade, anteriormente na parte alta. Daí ao cume da colina, segue a Rua Direita, onde se encontra uma grande parte de comércio e construções medievais.
Geografia
Viseu tem uma posição central em relação ao Distrito e ao Município, localizando-se no designado "Planalto de Viseu". É envolvida por um sistema montanhoso, constituído a norte pelas Serras de Leomil, Montemuro e Lapa, a noroeste a Serra do Arado, a sul e sudoeste as Serras da Estrela e Lousã, e a oeste a Serra que mais directamente influencia esta área, a do Caramulo. O município caracteriza-se por uma superfície irregular com altitudes compreendidas entre os 400 e os 700 metros.
Situado numa zona de transição, o concelho apresenta um conjunto de microclimas. A Serra do Caramulo, localizada a oeste do Concelho, assume um papel de relevo em termos climáticos, ao atenuar as influências das massas de ar de oeste (embora o vale do Mondego facilite a sua penetração). Assim, o clima de Viseu caracteriza-se pela existência de elevadas amplitudes térmicas, com Invernos rigorosos e húmidos e Verões quentes e secos.
A maior extensão do município é composta por granitos, sendo esta rocha a principal responsável na formação dos solos existentes. Em menor percentagem ocorrem formações quartezitas e gneisses do pré-câmbrico e arcaico.
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